Glossário LGBTQIA+: saiba o que representa cada letra da sigla da diversidade

jul 17 2020

COMPARTILHE:
Facebook

Twitter

Pinterest

GLS, LGBT, LGBTQ, LGBTQIA+… se você também fica perdido com essas letras, eu vou te ajudar!

A sigla representa diversos gêneros e orientações sexuais. Quando se usava GLS, falava-se apenas de gays, lésbicas e simpatizantes.

Mas era necessário haver mais representatividade na sigla universal da diversidade, certo?

Assim bissexuais, transexuais, queers, intersexuais e mais grupos então passaram a figurar nela.

O acréscimo de letras e a dúvida das pessoas sobre seus significados já provam que quem é visto, é lembrado e conhecido.

Por isso é tão importante entendermos não só o que cada letra simboliza, mas também as causas que elas carregam.

Então, vem comigo!

L de Lésbica!

A primeira letra da sigla LGBTQIA+ pertence às lésbicas, que são as mulheres atraídas afetivamente e sexualmente por pessoas do mesmo sexo/gênero.

É uma classe que busca visibilidade, o que tem sido conquistado aos poucos com a ajuda do Dia da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto.

A data surgiu em 1999 com o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, embora o movimento já existisse há muito tempo.

Sua busca é lembrar a sociedade da existência da mulher lésbica, das suas dores e suas lutas, muitas vezes esquecidas.

A própria sigla GLBT mudou para LGBT, com o “L” na frente, para que as lésbicas ficassem mais visíveis e assim alcancem mais reconhecimento em sua busca por direitos.

O movimento lésbico é extremamente importante e não só engrossa a luta contra a homofobia, como contra a lesbofobia, que é o preconceito sobre a orientação sexual com o agravante do machismo.

A lesbofobia inclui a objetificação e fetichização das relações lésbicas, as agressões físicas, psicológicas e o “estupro corretivo”, usado na absurda tentativa de corrigir a orientação sexual.

Assim o movimento lésbico segue na luta por respeito, segurança, justiça e visibilidade, para lembrar que as lésbicas não só existem, como enfrentam uma sobrevivência que é um grande ato de resistência.

G de Gay!

A letra mais popular da sigla da diversidade representa os homens que têm interesse afetivo e sexual por outros homens.

Na prática, o termo gay se tornou quase um sinônimo de homossexual, que é a definição de pessoas atraídas por pessoas do mesmo sexo/gênero.

Por isso é comum ouvirmos dizer que uma mulher é gay, por exemplo, assim como a Parada do Orgulho LGBT é muito conhecida como Parada Gay.

E esse grupo precisa sim de muito apoio na luta contra o preconceito.

Avanços aconteceram sim ao longo dos últimos anos, como o reconhecimento da união homoafetiva, mas só tem 20 anos que a homossexualidade deixou de ser considerada oficialmente como uma doença e o preconceito ainda é grande.

Há muito para se conquistar, a batalha é diária e todos podemos ajudar.

Ninguém precisa ser gay para lutar contra a homofobia!

B de Bissexual!

Bissexual é a pessoa que se relaciona sexualmente e afetivamente com pessoas de ambos os sexos/gêneros.

É um grupo que demorou a ser reconhecido entre os outros da diversidade e que enfrenta preconceitos até hoje de variadas origens.

Há quem julgue a bissexualidade como uma forma de “se assumir sem se assumir de fato”, como se fossem pessoas que não sabem o que querem ou mesmo homossexuais enrustidos e não bissexuais de verdade.

Essas ideias preconceituosas permeiam não somente o ambiente heterossexual, como também o homossexual, com resistência entre alguns grupos de gays, lésbicas e demais integrantes da sigla LGBTQIA+, principalmente por não verem com bons olhos o trânsito desses indivíduos em mais de um meio.

E assim o movimento bissexual se faz ainda mais importante.

Além de buscar mais respeito e aceitação por diversos grupos da sociedade, ele ajuda na desconstrução da ideia de que as pessoas se encaixam em apenas algumas caixas, quando, na verdade, podem ter interesses mais diversos.

O que todos podemos e precisamos fazer é procurar entender, aceitar e, acima de tudo, respeitar.

T de Travesti e de Transexual!

Primeiro vou te explicar o que significa cada uma dessas palavras.

Elas têm a ver com a identidade de gênero, que é a forma como uma pessoa se identifica, seja do gênero masculino ou feminino.

Com isso esclarecido, é possível explicar que a pessoa transexual se identifica e se sente de um gênero diferente daquele que lhe foi designado no nascimento.

Um homem que se percebe como mulher e adota nome, aparência e comportamento femininos, é uma mulher transexual.

Uma mulher que se percebe como homem é, então, um homem transexual.

A cirurgia de redesignação, que é a famosa cirurgia de “mudança de sexo”, pode sim ser um desejo dessas pessoas, mas não é uma necessidade para que sejam consideradas transexuais.

As travestis são pessoas que têm uma identidade de gênero oposta ao designado no nascimento e que muitas vezes adequam seu corpo e comportamentos ao gênero com o qual se identificam, mas não necessariamente se sentem desconfortáveis em seus corpos.

Travesti é considerado por algumas pessoas como uma identidade de gênero por si só.

Uma questão importante para ressaltar é que as travestis devem ser tratadas no feminino, como “A” travesti.

E se você se perguntou sobre o termo transgênero, ele é como um guarda-chuvas, que engloba todas as identidades de gênero relativas à não identificação com o sexo biológico, incluindo travestis, transexuais e outros.

Além de entender o significado das palavras, é importante ter em mente que a identidade de gênero é algo muito pessoal e que passa por lugares emocionais muito sensíveis e delicados.

Travestis e transexuais enfrentam muito preconceito, tanto pela estigmatização e marginalização de seus grupos, como pela ignorância.

O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais em todo o mundo. Apenas em 2019 124 pessoas trans foram assassinadas.

Por isso a luta precisa continuar em busca de mais representatividade, mais inclusão na sociedade, mais oportunidades e muito mais respeito.

“Q” de Queer!

Queer talvez seja uma das palavras que mais causem dúvidas na sigla LGBTQIA+.

A pessoa queer é aquela que não se encaixa em nenhum padrão pré-definido, seja como homem ou mulher, como heterossexual ou homossexual.

De origem inglesa, a palavra queer era traduzida como estranho, excêntrico, o que lhe atribuiu um uso pejorativo e ofensivo.

A comunidade LGBTQIA+ então abraçou o termo e fortaleceu esse grupo, que, na verdade, é diverso e defende o direito de ser o que eles de fato são e o que eles quiserem ser.

Nele há pessoas que não se consideram homens, que não se consideram mulheres, que não se consideram nenhum dos dois e que se consideram até mesmo uma combinação de ambos.

Dessa forma, queer se torna uma definição guarda-chuva, com os mais variados perfis de pessoas.

Em um mundo de tantas caixas, definir a caixa de quem não se encaixa em nenhuma delas pode ser um pouco complexo de se entender.

Queer é uma definição para o que não foi definido, é ser o que você quiser ser e, seguindo esse pensamento, é um lugar de extrema liberdade de identidade.

Cabe ao mundo saber respeitar essa liberdade e dar às pessoas queer mais reconhecimento, aceitação, igualdade e oportunidades.

I de Intersexual, Intersexo ou Intersex!

Você verá as três palavras como o significado do I na sigla LGBTQI+.

Elas representam as pessoas cujos corpos não se encaixam nos padrões de masculino ou feminino culturalmente estabelecidos.

Antigamente uma das definições utilizadas era hemafrodita, mas o termo vem caindo em desuso não só por muitas vezes ter um teor estigmatizante, como também por não contemplar a totalidade da intersexualidade.

São muitas as variações biológicas que levam à intersexualidade, podendo envolver cromossomos, hormônios, gônadas e genitais.

Caso a pessoa deseje ou seja necessário, ela pode sim recorrer a tratamentos hormonais ou cirúrgicos, entre outros, para garantir seu bem-estar consigo mesma e a sua saúde.

Uma questão que envolve muita polêmica são as intervenções feitas nas pessoas intersex ainda quando crianças, por ser uma atitude que entrega para médicos e familiares uma definição sobre o indivíduo que cabe apenas a ele, especialmente pela possibilidade de no futuro ele não se identificar com o gênero que lhe for atribuído.

A intersexualidade ainda é cercada de tabus e preconceitos, que precisam ser abolidos para que as pessoas intersexo encontrem mais aceitação e respeito à sua condição.

A intersexualidade não é uma patologia, uma doença, é apenas uma variação biológica, com a qual o indivíduo consegue viver e conviver muito bem.

A de Assexual!

O “A” representa as pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas, sejam elas de qualquer gênero.

A assexualidade é realmente não ter a atração sexual pelo outro, a vontade de fazer sexo com alguém. Não é um celibato voluntário, uma decisão de não fazer sexo.

E isso pode acontecer com pessoas de qualquer orientação sexual, tanto heterossexuais, homossexuais, quanto bissexuais.

Ser assexual não significa não existir a possibilidade de gostar de alguém ou mesmo de construir uma relação. Isso apenas acontece de uma forma diferente.

É importante ressaltar, também, que a pessoa assexual pode ter aberturas maiores ou menores a certos tipos de contato.

Há quem tenha um desejo sexual limitado, há quem queira beijos, abraços e andar de mãos dadas, assim como há quem não queira nenhum tipo de contato físico.

A assexualidade ainda é pouco falada e pouco compreendida, especialmente pela grande valorização que a sociedade dá ao sexo, o que leva muitas pessoas a se identificarem tardiamente como assexuais.

Por isso é importante que falemos sobre a assexualidade, para que ela ganhe visibilidade e seja percebida com total normalidade.

Uma das maiores referências no assunto é a Asexual Visibility and Education Network (https://www.asexuality.org/) e vale a pena conferir o trabalho deles.

“+” de tudo que uma pessoa pode ser!
É mais ou menos essa a ideia do “+” em LGBTQIA+.

Como sigla da diversidade, ela é viva e está em constante transformação. Prova disso são as mudanças que teve desde que ainda era GLS e todas as novas letras que ela abarcou ao longo dos anos.

LGBTQQICAPF2K+ foi a sigla proposta em 2018 pelo site inglês The Gay UK (https://www.thegayuk.com/there-is-now-a-k-in-lgbtqqicapf2k/) para representar Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis, Queer, Questionando, Intersexo, Curioso, Assexuais, Agêneros, Aliados, Pan e Polissexuais, Familiares e Amigos, Two-spirit e Kink.

Ela mostra a grande variedade de formas de identificação do ser humano já conhecidas e nos sinaliza que outras mais podem ser descobertas.

O ser humano é um universo inteiro, cheio de possibilidades para as quais precisamos estar abertos a conhecer e respeitar.

Gostou das explicações? Se quiser saber mais ou acrescentar mais informações, não deixe de escrever nos comentários!