GLS, LGBT, LGBTQ, LGBTQIA+… se você também fica perdido com essas letras, eu vou te ajudar!
A sigla representa diversos gêneros e orientações sexuais. Quando se usava GLS, falava-se apenas de gays, lésbicas e simpatizantes.
Mas era necessário haver mais representatividade na sigla universal da diversidade, certo?
Assim bissexuais, transexuais, queers, intersexuais e mais grupos então passaram a figurar nela.
O acréscimo de letras e a dúvida das pessoas sobre seus significados já provam que quem é visto, é lembrado e conhecido.
Por isso é tão importante entendermos não só o que cada letra simboliza, mas também as causas que elas carregam.
Então, vem comigo!
L de Lésbica!
A primeira letra da sigla LGBTQIA+ pertence às lésbicas, que são as mulheres atraídas afetivamente e sexualmente por pessoas do mesmo sexo/gênero.
É uma classe que busca visibilidade, o que tem sido conquistado aos poucos com a ajuda do Dia da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto.
A data surgiu em 1999 com o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, embora o movimento já existisse há muito tempo.
Sua busca é lembrar a sociedade da existência da mulher lésbica, das suas dores e suas lutas, muitas vezes esquecidas.
A própria sigla GLBT mudou para LGBT, com o “L” na frente, para que as lésbicas ficassem mais visíveis e assim alcancem mais reconhecimento em sua busca por direitos.
O movimento lésbico é extremamente importante e não só engrossa a luta contra a homofobia, como contra a lesbofobia, que é o preconceito sobre a orientação sexual com o agravante do machismo.
A lesbofobia inclui a objetificação e fetichização das relações lésbicas, as agressões físicas, psicológicas e o “estupro corretivo”, usado na absurda tentativa de corrigir a orientação sexual.
Assim o movimento lésbico segue na luta por respeito, segurança, justiça e visibilidade, para lembrar que as lésbicas não só existem, como enfrentam uma sobrevivência que é um grande ato de resistência.
G de Gay!
A letra mais popular da sigla da diversidade representa os homens que têm interesse afetivo e sexual por outros homens.
Na prática, o termo gay se tornou quase um sinônimo de homossexual, que é a definição de pessoas atraídas por pessoas do mesmo sexo/gênero.
Por isso é comum ouvirmos dizer que uma mulher é gay, por exemplo, assim como a Parada do Orgulho LGBT é muito conhecida como Parada Gay.
E esse grupo precisa sim de muito apoio na luta contra o preconceito.
Avanços aconteceram sim ao longo dos últimos anos, como o reconhecimento da união homoafetiva, mas só tem 20 anos que a homossexualidade deixou de ser considerada oficialmente como uma doença e o preconceito ainda é grande.
Há muito para se conquistar, a batalha é diária e todos podemos ajudar.
Ninguém precisa ser gay para lutar contra a homofobia!
B de Bissexual!
Bissexual é a pessoa que se relaciona sexualmente e afetivamente com pessoas de ambos os sexos/gêneros.
É um grupo que demorou a ser reconhecido entre os outros da diversidade e que enfrenta preconceitos até hoje de variadas origens.
Há quem julgue a bissexualidade como uma forma de “se assumir sem se assumir de fato”, como se fossem pessoas que não sabem o que querem ou mesmo homossexuais enrustidos e não bissexuais de verdade.
Essas ideias preconceituosas permeiam não somente o ambiente heterossexual, como também o homossexual, com resistência entre alguns grupos de gays, lésbicas e demais integrantes da sigla LGBTQIA+, principalmente por não verem com bons olhos o trânsito desses indivíduos em mais de um meio.
E assim o movimento bissexual se faz ainda mais importante.
Além de buscar mais respeito e aceitação por diversos grupos da sociedade, ele ajuda na desconstrução da ideia de que as pessoas se encaixam em apenas algumas caixas, quando, na verdade, podem ter interesses mais diversos.
O que todos podemos e precisamos fazer é procurar entender, aceitar e, acima de tudo, respeitar.
T de Travesti e de Transexual!
Primeiro vou te explicar o que significa cada uma dessas palavras.
Elas têm a ver com a identidade de gênero, que é a forma como uma pessoa se identifica, seja do gênero masculino ou feminino.
Com isso esclarecido, é possível explicar que a pessoa transexual se identifica e se sente de um gênero diferente daquele que lhe foi designado no nascimento.
Um homem que se percebe como mulher e adota nome, aparência e comportamento femininos, é uma mulher transexual.
Uma mulher que se percebe como homem é, então, um homem transexual.
A cirurgia de redesignação, que é a famosa cirurgia de “mudança de sexo”, pode sim ser um desejo dessas pessoas, mas não é uma necessidade para que sejam consideradas transexuais.
As travestis são pessoas que têm uma identidade de gênero oposta ao designado no nascimento e que muitas vezes adequam seu corpo e comportamentos ao gênero com o qual se identificam, mas não necessariamente se sentem desconfortáveis em seus corpos.
Travesti é considerado por algumas pessoas como uma identidade de gênero por si só.
Uma questão importante para ressaltar é que as travestis devem ser tratadas no feminino, como “A” travesti.
E se você se perguntou sobre o termo transgênero, ele é como um guarda-chuvas, que engloba todas as identidades de gênero relativas à não identificação com o sexo biológico, incluindo travestis, transexuais e outros.
Além de entender o significado das palavras, é importante ter em mente que a identidade de gênero é algo muito pessoal e que passa por lugares emocionais muito sensíveis e delicados.
Travestis e transexuais enfrentam muito preconceito, tanto pela estigmatização e marginalização de seus grupos, como pela ignorância.
O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais em todo o mundo. Apenas em 2019 124 pessoas trans foram assassinadas.
Por isso a luta precisa continuar em busca de mais representatividade, mais inclusão na sociedade, mais oportunidades e muito mais respeito.
“Q” de Queer!
Queer talvez seja uma das palavras que mais causem dúvidas na sigla LGBTQIA+.
A pessoa queer é aquela que não se encaixa em nenhum padrão pré-definido, seja como homem ou mulher, como heterossexual ou homossexual.
De origem inglesa, a palavra queer era traduzida como estranho, excêntrico, o que lhe atribuiu um uso pejorativo e ofensivo.
A comunidade LGBTQIA+ então abraçou o termo e fortaleceu esse grupo, que, na verdade, é diverso e defende o direito de ser o que eles de fato são e o que eles quiserem ser.
Nele há pessoas que não se consideram homens, que não se consideram mulheres, que não se consideram nenhum dos dois e que se consideram até mesmo uma combinação de ambos.
Dessa forma, queer se torna uma definição guarda-chuva, com os mais variados perfis de pessoas.
Em um mundo de tantas caixas, definir a caixa de quem não se encaixa em nenhuma delas pode ser um pouco complexo de se entender.
Queer é uma definição para o que não foi definido, é ser o que você quiser ser e, seguindo esse pensamento, é um lugar de extrema liberdade de identidade.
Cabe ao mundo saber respeitar essa liberdade e dar às pessoas queer mais reconhecimento, aceitação, igualdade e oportunidades.
I de Intersexual, Intersexo ou Intersex!
Você verá as três palavras como o significado do I na sigla LGBTQI+.
Elas representam as pessoas cujos corpos não se encaixam nos padrões de masculino ou feminino culturalmente estabelecidos.
Antigamente uma das definições utilizadas era hemafrodita, mas o termo vem caindo em desuso não só por muitas vezes ter um teor estigmatizante, como também por não contemplar a totalidade da intersexualidade.
São muitas as variações biológicas que levam à intersexualidade, podendo envolver cromossomos, hormônios, gônadas e genitais.
Caso a pessoa deseje ou seja necessário, ela pode sim recorrer a tratamentos hormonais ou cirúrgicos, entre outros, para garantir seu bem-estar consigo mesma e a sua saúde.
Uma questão que envolve muita polêmica são as intervenções feitas nas pessoas intersex ainda quando crianças, por ser uma atitude que entrega para médicos e familiares uma definição sobre o indivíduo que cabe apenas a ele, especialmente pela possibilidade de no futuro ele não se identificar com o gênero que lhe for atribuído.
A intersexualidade ainda é cercada de tabus e preconceitos, que precisam ser abolidos para que as pessoas intersexo encontrem mais aceitação e respeito à sua condição.
A intersexualidade não é uma patologia, uma doença, é apenas uma variação biológica, com a qual o indivíduo consegue viver e conviver muito bem.
A de Assexual!
O “A” representa as pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas, sejam elas de qualquer gênero.
A assexualidade é realmente não ter a atração sexual pelo outro, a vontade de fazer sexo com alguém. Não é um celibato voluntário, uma decisão de não fazer sexo.
E isso pode acontecer com pessoas de qualquer orientação sexual, tanto heterossexuais, homossexuais, quanto bissexuais.
Ser assexual não significa não existir a possibilidade de gostar de alguém ou mesmo de construir uma relação. Isso apenas acontece de uma forma diferente.
É importante ressaltar, também, que a pessoa assexual pode ter aberturas maiores ou menores a certos tipos de contato.
Há quem tenha um desejo sexual limitado, há quem queira beijos, abraços e andar de mãos dadas, assim como há quem não queira nenhum tipo de contato físico.
A assexualidade ainda é pouco falada e pouco compreendida, especialmente pela grande valorização que a sociedade dá ao sexo, o que leva muitas pessoas a se identificarem tardiamente como assexuais.
Por isso é importante que falemos sobre a assexualidade, para que ela ganhe visibilidade e seja percebida com total normalidade.
Uma das maiores referências no assunto é a Asexual Visibility and Education Network (https://www.asexuality.org/) e vale a pena conferir o trabalho deles.
“+” de tudo que uma pessoa pode ser!
É mais ou menos essa a ideia do “+” em LGBTQIA+.
Como sigla da diversidade, ela é viva e está em constante transformação. Prova disso são as mudanças que teve desde que ainda era GLS e todas as novas letras que ela abarcou ao longo dos anos.
LGBTQQICAPF2K+ foi a sigla proposta em 2018 pelo site inglês The Gay UK (https://www.thegayuk.com/there-is-now-a-k-in-lgbtqqicapf2k/) para representar Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis, Queer, Questionando, Intersexo, Curioso, Assexuais, Agêneros, Aliados, Pan e Polissexuais, Familiares e Amigos, Two-spirit e Kink.
Ela mostra a grande variedade de formas de identificação do ser humano já conhecidas e nos sinaliza que outras mais podem ser descobertas.
O ser humano é um universo inteiro, cheio de possibilidades para as quais precisamos estar abertos a conhecer e respeitar.
Gostou das explicações? Se quiser saber mais ou acrescentar mais informações, não deixe de escrever nos comentários!